Somente a alta mais intensa de preços em minério de ferro, cuja variação saltou de 2,01% para 26,78%, respondeu por 88% da aceleração do IPA, afirmou ele. "Isso é causado por crescimento de demanda internacional" explicou ele, acrescentando que ocorre reação de atividade da China, maior comprador global do produto, bem como de outros mercados no mundo, influenciados por começo de vacinação contra covid-19.

Mas o minério não é a única commodity ou item derivado de commodity a acelerar no atacado, notou ele. Da segunda prévia de dezembro para igual previa em janeiro, foram observadas acelerações de preços em óleo diesel (de 6,65% para 6,72%), gasolina automotiva (de 3,45% para 5,46%) - influenciados por petróleo no exterior - além de quedas menos intensas em soja em grão (de -6,11% para -4,06%) e trigo (de -3,97% para -3,88%).

No caso do trigo, Braz lembrou que esse produto é matéria-prima do pão francês, produto de peso na formação da inflação varejista. Até o momento, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) desacelerou de 1,23% para 0,42% entre a segunda prévia de dezembro e igual prévia em janeiro, influenciado por taxa menor de variação de preços em Alimentação (de 1,54% para 1,32%).

Entretanto, ele admitiu que há possibilidade de alimentos voltarem a subir, caso ocorram novas acelerações de preços ou queda mais fraca de preços em matérias-primas agropecuárias no atacado. "No varejo, a alta de preço em farinha de trigo mostra aceleração, de 1,43% para 2,47% [entre a segunda prévia de dezembro e igual prévia em janeiro]" acrescentou o técnico, embora tenha ressaltado que esse aumento ainda não chegou ao pão francês. No caso desse último produto, a taxa de variação de preços diminuiu de 1,67% para 0,57% no varejo, no período.

Entretanto, todos esses fatores conduzem à percepção de que a inflação nos IGPs opera em viés de alta, na evolução mensal. Isso não é boa notícia para o resultado acumulado do indicador, usado para cálculo de reajuste de aluguéis, notou ele.

No entanto, ao ser questionado se isso, na prática, leva a uma disparada na inflação do aluguel, ele se revelou cético. Para o economista, a crise econômica afeta tanto senhorios quanto inquilinos, o que facilita descontos no preço desse serviço. "Há espaço para negociação [para reajustar aluguel ]" afirmou ele.